Intolerâncias Alimentares - É moda ou é real?

terça-feira, 6 de setembro de 2016
Desde que me lembro que sofro de enxaquecas.  E, se ao início uma por mês era muito, no último par de anos a periodicidade diminui bastante e chegava a ter uma por semana em que as dores eram cada vez mais fortes e insuportáveis.

Desde que me lembro que sofro de enxaquecas.  E, se ao início uma por mês era muito, no último par de anos a periodicidade diminui bastante e chegava a ter uma por semana em que as dores eram cada vez mais fortes e insuportáveis.

Apesar de já conhecer mais que bem o comprimido ideal para diminuir as minhas dores em alturas de crise, a verdade é que a solução definitiva para este problema passa por perceber a sua causa e atuar preventivamente para evitar que aconteça. Quem sofre destes problemas sabe o quanto difícil é perceber os fatores individuais que desencadeiam a enxaqueca. Decidi por isso recentemente concentrar-me nessa procura!

Primeiro fui ao médico para fazer alguns exames simples e despistar a hipótese de as dores de cabeça serem a consequência de algo mais grave ao nível da cabeça. Estava tudo bem e por isso passaram-me Zomig (triptano) para quando tivesse crises. Mas eu não as queria ter, queria era evitá-las!

Então comecei a ler um pouco sobre intolerâncias alimentares visto ser um assunto muito falado hoje em dia, quase que uma moda, que justifica mil e um sintomas que possamos ter! À medida que me fui informando mais sobre este pequeno mundo fiquei cada vez mais curiosa e com vontade de fazer um teste de intolerâncias. Existem imensos testes oferecidos por inúmeras clínicas um pouco por todo o país, para todos os gostos e carteiras.

Eu fiquei particularmente interessada no A200 da labco porque, não só me falaram muito bem dele, como também parecia ser dos mais completos e assertivos. Apesar de ser caro achei que a fazer algum teste deste género teria de ser o mais fiável possível e este parece-me dar essas garantias. Informei-me bem sobre o mesmo, vi que era feito nalguns pontos do país, incluindo o Porto, e foi mesmo ai que me decidir a ir fazê-lo.

Os resultados chegaram em três semanas e quando abri o largo envelope com todo um relatório detalhado não pude evitar e olhei logo para um cartão que o acompanha e onde está um pequeno resumo das intolerâncias.




Ingenuamente fiquei logo contente e a achar que os resultados tinham sido bons! Poucas indicações seriam certamente sinónimo de poucas intolerâncias e, como consequência, poucas alterações à minha alimentação! Mas quando comecei a perceber os alimentos que tinham clara de ovo, leite, trigo, óleo de milho... comecei a cair em mim e apercebi-me que as mudanças iam custar. Porque, apesar de não serem muitas intolerâncias, estes alimentos são muito transversais e aparecem nas mais variadas formas e feitios!

E então comecei a avaliar o impacto que isto ia ter no meu dia-a-dia... e o dia começava logo mal porque ao pequeno-almoço eu comia pão com sementes e leite com café. Adorava comer massa ao almoço e jantar omeletes ou ovos mexidos. Enfim! Uma série de hábitos que tenho de há muitos anos que teria de abandonar!

Após este primeiro choque, comecei a sentir muita necessidade de falar com alguém que percebesse de nutrição e intolerância alimentar (não foi fácil encontrar, as próprias rececionistas das clínicas para onde ligava não me sabiam dizer que alguém era especializado ou não nessa área). A conselho de uma amiga fui à Dietista Cláudia Maranhoto. O principal objetivo da consulta era dar-me dicas para o pequeno almoço e pequenos lanches. Os almoços e jantares são mais fáceis porque, comendo em casa, basicamente teria de abolir os ovos, os fritos com óleo e a massa (ai a massa, que facadinha que foi no meu estômago!). Fora de casa a coisa muda um bocadinho porque eu adoro petiscos e provar um pouco de tudo.

Desta consulta saí com várias dicas para os pequenos almoços e lanches: iogurte natural de soja com várias sementes, pão com farinha de espelta, panquecas sem claras de ovo, a minha própria grânola sem aveia, batidos, barras de cereais, bolos de caneca, entre outras. Não saí propriamente assustada pois vi que tinha um bom número de opções. O que me deixou mais “triste” foi ter de deixar a massa e os doces pois quem me conhece sabe o quanto adoro cozinhar e mais ainda sobremesas. Se andava há algum tempo a tentar substituir farinhas e o açúcar dos meus cozinhados, agora o desafio agigantou-se pois vou ter de substituir os ovos.

Depois da consulta decidi fazer um género de plano de ação. Aos poucos vou-vos contando as mudanças que tenho feito. Inicialmente retirei todos os alimentos que estão no cartão do meu dia-a-dia. E vou manter-me durante uns meses tirando os dias que vou de férias porque não deve ser muito fácil evitar os alimentos. Para além disso, sou fã de cozinha e gosto muito de conhecer novos sabores e pratos.
Mas não se preocupem que a rúbrica do Roteiro Gastronómico continua. Felizmente tenho alguém que pode ir provando por mim. 
Depois de passar algum tempo, a ideia é ir introduzindo aos poucos os alimentos que retirei e ver como o organismo reage. 

Até lá, vou partilhar com vocês algumas receitas com os novos ingredientes!